"Para estar junto não é preciso estar perto, e sim do lado de dentro."
(Leonardo da Vinci))
Meus caros leitores, a curiosidade é, sem sobra de dúvida, aquilo que nos move enquanto seres humanos e, com certeza, foi ela quem nos levou a evolução, falo isso em relação ao pensamento e a tecnologia, mas, quando direciono tal comportamento às mulheres, não sei se tenho certeza, porém acredito que ele é potencializado de forma incrível, por isso quero dizer que nossa heroína teve uma noite irrequieta. Andou durante a noite e madrugada inteira com a cabeça a pensar em inúmeras perguntas que poderia ter feito e não as fez. Presumo, meus amigos leitores, que já tenham passado por isso, pois todos nós já entramos em querelas e falamos o quê nos veio à cabeça, contudo, depois de apaziguada a controvérsia, pensamos em tudo aquilo que poderíamos ter falado e não falos, esse comportamento nos irrita e nos tira o sono, pois bem, era assim que se encontrava Valentina, porque uma conversa foi iniciada e não concluída, graças a minha entrada, e porque ainda tinha questões a serem esclarecidas. A noite parecia uma vida inteira, contudo, mesmo demorando a passar, a manhã do dia seguinte chegou.
O relógio marcava seis horas da manhã, Valentina, que amava dormir, já havia, àquela hora, enviado inúmeras mensagens para o whatsapp do Enzo querendo saber que horas ele chegaria, contudo, até ali não recebera nenhuma resposta, o que aumentava ainda mais sua ansiedade. Já cansada de esperar, decidiu por ligar para seu primo.
- Bom dia, Enzo!
- Valentina, que horas são?
- São seis e quinze.
- Logo você acordada às seis e quinze, no primeiro dia de férias!
- Pois é!
- Está bem?
- Nem um pouco, não dormi a noite inteira.
- Nossa, deve estar com o humor dos deuses.
- Não estou mal humorada, estou com muitas ideias na cabeça, ansiosa e cansada.
- Já eu estou com sono, muito sono.
- Que horas seu pai vai trazer vocês?
- Vamos sair em vinte minutos.
- O que faz deitado ainda?
- Valentina, dormi arrumado, preciso de cinco minutos para escovar os dentes , porque vou comendo no carro.
- E a Victória?
- Deve ter acordado às cinco da manhã para se arrumar. Por que?
- Por nada, levanta e não sai do celular, preciso falar.
- Jesus!!
- Para de reclamar.
- Vou fazer um grupo no whats, porque se eu não responder a Victória ou o Gabriel respondem.
- O Biel vem com vocês?
- Vai sim.
- Ele não ia para casa da avó.
- Sim, mas ele vai no próximo fim de semana.
- Enzo, levanta, o pai está te chamando, só falta você.
- Já vou, Victória.
- Levanta, logo!
- Já levantei, Biel. Valentina, vou nessa, chegamos em trinta minutos, afinal de contas é madrugada de sábado.
- Você conversou com seus irmãos sobre ontem?
- Eles sabem o quê meu pai falou, eu não disse nada.
- Conversamos aqui, então, melhor falar tudo pessoalmente.
- Tá bom, até daqui a pouco.
No tempo cronológico, a viagem durou quarenta e cinco minutos, entretanto, para a Valentina, o tempo arratou-se como uma lesma sem pressa de chegar a lugar algum, contudo, mais uma vez, a casa fora agitada pelo soar da campainha, tenho uma teoria, amigo leitor, sobre a quebra do silêncio causado pela campainha, mas isso é assunto para um capítulo e deixarei para outro momento. Nossa querida adolescente, passou correndo pela sala e gritou:
- Pai, deixa que eu atendo!
- Tudo bem, deve ser seu tio.
- Sim, são eles.
- Oi, tio!
- Oi, chorona! Cadê o chato do seu pai?
- Está na cozinha, pode ir lá.
- Já vocês, venham comigo.
- Nossa, você está bem Valentina?
- Não, Vi, mas vou contar tudo.
A conversa transcorreu por mais de sete horas, nunca os vi por tanto tempo quietos sem um brigar com o outro, afinal de contas, são primos. Mas tudo aquilo viria por acabar com a visita já esperada.
- Boa tarde, a senhora deve ser a professora?
- Sim, prazer, Nix!
- O prazer é meu, Naime.
- Vim saber se a pequena está melhor.
- Ela está bem sim, mas entre, por favor, vou chamá-la.
- Valentina, sua professora!
Como um furacão todos entram na sala, uns curiosos para ver aquela figura sinistra que ouviram falar durante as longas horas de conversa, outros curiosos e desesperados por informações.
- Calma, meninos, olhem a educação!
- Desculpa, Naime!
- Tudo bem, Biel! Ainda bem que veio.
- Obrigado!
- Mãe, tem suco?
- Vou fazer um soco pra vocês.
- Obrigado, mãe!
- Você está bem, Valentina?
- Não, professora, não dormi à noite!
- Aí meus Deus, de novo essa conversa.
- Calma, Enzo!
- Victória, eu já tinha ouvido uma primeira vez e fui obrigado a ouvir tudo de novo com vocês.
- Você deitou e dormiu.
- Nossa, que irmã, eu não dormi, descansei as meninas?
- Que meninas, menino?
- As dos olhos, Biel.
- Prô, tenho muitas perguntas?
- Vamos devagar, faça-as, mas não sei se consigo responder.
- De onde conhece a professora Métis? Que livro é aquele? Por que ficou no lugar dela? O que aconteceu quando toquei o livro?
- Eita, desembestou a perguntar.
- Preciso de respostas, Enzo.
- Vou responder, mas fico feliz que já tenha montado uma equipe, precisaremos.
- Como assim precisaremos, estou de férias.
- Para, Enzo.
- Para você, Valentina.
- Prô, fala, estou angustiada, preciso muito saber.
- Tudo bem, mas a história é longa e acho que aqui não é o melhor lugar.
- Sim, já já minha mãe aparece e corta o assunto, precisamos combinar em algum lugar, mas hoje, não aguentarei mais uma noite sem dormir.
- Pode ser na casa da Métis.
- Prô, a senhora tem a chave?
- Tenho sim, Enzo.
- Mas, por que tem a chave da casa dela?
- Conto lá, menino curioso!
- Deus me livre, nem te conheço!
- Menino!!!
- Verdade, Biel, ela roubou as aulas e a casa, estranho, não?
- Tudo até agora é estranho.
- Sim, Biel, por isso acho a ideia ruim.
- Tenho que concordar com ele.
- Vi, confie em mim, eu cuido, como sempre, de vocês.
- Tá bom, Biel.
- Um protetor, excelente.
- Cheguei com bolo e suco, pessoal!
- Obrigada, só queria saber como a pequena estava, como vi que está bem, já vou.
- Tudo bem!
- Mãe, vou acompanhá-la até à porta.
- Tudo bem, Valentina.
- Já eu, vou comer.
- Também vou, Enzo.
- Então, Vamos Bi!
- Então, Vamos Bi!
Depois de comerem e de se organizarem, afinal de contas agora estava formada a equipe para descobrir o que aconteceu, os meninos saíram e direcionaram para casa da Métis, pois há muitas questões a serem respondidas.
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